Gleisi e Lindberg lideram manifestações nesta terça pela redução da taxa de juros no País

Data da postagem: 21/03/2023

Gleisi e Lindberg lideram manifestações nesta terça pela redução da taxa de juros no País

 20 de março de 2023, 16:24  No Comments  #JurosBaixosJácarlos lupiconsignadoscutGleisi Hoffmanninssjuros altosLindbergh Fariasmanifestação

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A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e seu colega de partido e de parlamento, Lindbergh Farias (RJ), estão na linha de frente de manifestações nesta terça-feira (21/3) pela redução da taxa de juros no País. Os dois petistas participam do protesto no Rio, em frente à sede do Banco Central, na Presidente Vargas, no Centro, com concentração a partir das 17h, na Candelária.

As manifestações contra os juros altos acontecerão em todas as capitais brasileiras e contarão com a mobilização de partidos, movimentos popular e sindical, e parlamentares. Em Curitiba, por exemplo, a CUT-PR convoca o público para comparecer às 11h em frente à sede do Banco Central, na Avenida Cândido de Abreu, 344, Centro Cívico.


Após Bradesco, Itaú e outros bancos, inclusive os públicos Caixa e BB decidirem suspender o consignado para aposentados do INSS porque o governo decidiu baixar os juros, indignação aumentou na sociedade. É hora de ir às ruas, exortam os organizadores.

O Brasil tem os maiores juros do mundo. A polêmica aumentou quando a gestão de Roberto Campos Neto a frente do Banco Central autônomo decidiu manter a Selic (taxa básica) em 13,75%, resultando em críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de economistas e até do setor produtivo.

Com a decisão do então ministro da Economia Paulo Guedes, na gestão anterior, de conceder a chamada “autonomia” do BC, o governo já não tem mais controle sobre a política cambial e de juros.

Nesta semana o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC, se reúne na terça (21/3) e na quarta-feira (22/3) para decidir se diminui ou não os juros.

A reação da sociedade

Em resposta a esta farra sustentada pelo sistema financeiro, trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil vão realizar nesta terça-feira (21/3), um protesto nacional pela redução dos juros no país. No Rio haverá uma passeata até à sede do Banco Central, na Presidente Vargas, no Centro, com concentração a partir das 17h, na Candelária. A campanha será com manifestações nas ruas, mas também nas redes sociais com a hasthag #JurosBaixosJá.

“O presidente Lula tem toda a razão de se queixar. As altas taxas de juros endividaram mais de 62 milhões de pessoas, que estão no SPC/Serasa, impedidas de fazer um crediário, elevam a dívida pública e impedem a recuperação econômica do país, e por consequência, a geração de empregos e renda”, critica o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio José Ferreira.

O cartel dos bancos

A situação chegou ao cúmulo de bancos, como Bradesco e Itaú, e outros, suspenderem o crédito consignado aos aposentados do INSS após o governo Lula baixar as taxas para esta modalidade de empréstimo bancário de 2,14% para 1,70%.

A Febraban (Federação Nacional dos Bancos) divulgou nota dizendo que os bancos alegam “não ter condições, com a redução dos juros”, de arcar com a despesa de captação de clientes”, uma argumentação absurda para o setor mais lucrativo do país. No ano passado, os bancos faturaram R$92,2 bilhões, resultado 6,3% maior do que em 2021, enquanto que outros setores amargam prejuízos após a pandemia e o agravamento da crise nos últimos quatro anos. 

E causou grande indignação o fato de o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, instituições públicas, tomarem a mesma medida do cartel privado do sistema financeiro, que detém 89% deste tipo de consignado, sobrando apenas 11% para BB e Caixa.

“A sociedade precisa reagir. Está mais do que explícito de que os bancos não querem reduzir os juros no Brasil, os maiores do mundo. É também inaceitável que os bancos públicos sigam a mesma cartilha do setor privado, suspendendo o consignado para os aposentados. É a hora de toda a sociedade exigir juros baixos neste país e o BB e a Caixa têm a obrigação moral de começar a dar o exemplo”, acrescentou Kátia.

Reunião de urgência

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, convocou para segunda-feira (20/3) uma reunião com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Previdência Social, Carlos Lupi, para decidir o futuro do crédito consignado para aposentados.

Indústrias também reclamam

Os juros nas alturas não prejudicam apenas a população. O setor produtivo, como indústria e comércio, também penam com o crédito mais caro do planeta e querem a redução das taxas praticadas pelos bancos. Em entrevista à imprensa, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o engenheiro e empresário Robson Braga de Andrade, detonou a decisão do BC de manter as taxas básicas altos. 

“Os juros no Brasil são exorbitantes. Com inflação de cerca de 6% temos a Selic em 13,75%, sem contar que o juro da indústria chega a quase 20%. Assim fica muito difícil produzir”, reclamou.

Até o agronegócio tem sua produtividade afetada pelo encarecimento do mercado de crédito.

“Vemos diversos desafios na parte operacional, sendo o principal deles o acesso ao crédito, em especial à pequenos e médios produtores”, avaliou Leonardo Alencar, head de agro, alimentos e bebidas da XP.

Todos devem ir às ruas nesta terça contra juros altos, diz presidente da CUT

O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, convoca trabalhadores e trabalhadoras e toda a sociedade brasileira para ir às ruas, nesta terça-feira (21/3), exigir a redução da taxa básica de juros (Selic) praticada pelo Banco Central (BC), de 13,75% ao ano – a mais alta do mundo. (Veja abaixo onde vai ter ato).

Os juros altos favorecem apenas os mais ricos e parte da classe média alta que tem algum dinheiro aplicado no sistema financeiro, explica Sérgio Nobre, que ressalta: “Os protestos são fundamentais para pressionar a direção do BC, comandada por Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL), a baixar os juros que estão travando o crescimento econômico, impedindo a geração de empregos”.

Todos os brasileiros de classe média e pobres são afetados pelos juros exorbitantes. Por isso, é importante que todos participem dos atos, alerta Sérgio Nobre.

“Todo mundo tem um amigo, um parente desempregado e essa penúria que o trabalhador vem passando tem tudo a ver com os juros altos que impedem as empresas de investir e o próprio governo de promover programas sociais e fazer obras como abrir novas estradas, consertar as que precisam de reparos, entre outras que geram milhares de empregos”, pontua o presidente nacional da CUT.

Sérgio explica ainda que é preciso ir às ruas amanhã por que não é possível o Brasil deixar de crescer por causa de uma taxa de juros fora da realidade em desacordo com os demais países do mundo.

Vamos fazer valer o desejo da classe trabalhadora. Quem não puder ir às ruas amanhã que proteste pelas redes sociais ou como quiser, mas é fundamental nossa união neste momento em que o BC vai anunciar o novo índice dos juros- Sérgio Nobre.
O presidente da CUT nacional se refere a uma coincidência: os atos serão realizados no primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão ligado ao Banco Central, que vai reavaliar a taxa Selic, entre a terça e a quarta-feira desta semana.

Os atos contra a alta taxa de juros do Brasil estão sendo promovidos pela CUT e demais centrais sindicais – Força Sindical, CTB, UGT, CSB, NCST, CSP Conlutas, Intersindical, A Pública -, além dos movimentos populares – Povo Sem Medo (PSM) e Frente Brasil Popular (FBP).

Mas o que eu tenho a ver com isso?

A taxa de juros é usada no mundo todo para combater a inflação. Mas esse mecanismo só funciona quando a inflação é causada por demanda, ou seja, porque a população está comprando mais do que é produzido e este não é o caso do Brasil, já que o consumo vem caindo porque o povo não tem dinheiro pra gastar e o endividamento das famílias batendo recorde.

É a partir da Selic que os bancos praticam seus próprios índices sobre empréstimos oferecidos a empresas e pessoas físicas, o cartão de crédito rotativo, as prestações da casa própria e de outros financiamentos. Como o crédito está muito caro as empresas também ficam sem condições de contrair empréstimos para expandir seus negócios e gerar empregos.

Como o Banco Central se tornou independente do governo federal, numa decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com aprovação do Congresso Nacional em 2021, o atual governo não tem ingerência sobre as decisões do BC, apesar das críticas de Lula ao alto índice da taxa de juros. Uma pesquisa da Genial/ Quest apontou que 76% dos entrevistados dizem que o atual presidente acerta em combater os juros altos no Brasil.

Além de já pagarem caro aos bancos, a população perde ainda bilhões de reais anualmente em investimentos sociais porque o governo federal também paga pelos juros altos devidos aos empréstimos que possui com a venda de títulos públicos. Isso acontece porque cerca de 40% da dívida pública é indexada à taxa Selic.

Para se ter uma ideia de investimos sociais que poderiam ser feitos, a redução de apenas 0,5% da taxa de juros faria o governo ter à disposição mais R$ 17 bilhões, o que equivale a um ano de Minha Casa Minha Vida e Farmácia Popular.

Segundo artigo da economista Mônica de Bolle, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, ao subir a taxa de juros de 2%, no início de 2021, para 13,75%, em agosto de 2022, o Banco Central fez com que a despesa do governo com a dívida pública saltasse de 2% do PIB para 10% do PIB, ou de R$ 135 bilhões para R$ 920 bilhões por ano. A maior parte deste dinheiro (53,6%) vão para instituições financeiras e fundos de investimentos.

De maneira geral os juros altos travam a economia pois sem investimentos, a produção cai e o desemprego sobe.

Confira os atos programados para esta terça-feira (21/3):

Os atos serão em frente às sedes do Banco Central. Nas cidades onde não há sede do BC, serão realizados atos em locais de grande movimento.

Belém/PA: Boulevard Castilhos França, 708 – Campina, às 9 horas.

Belo Horizonte/MG: Praça Sete, às 11 horas.

Brasília/DF: Setor Bancário Sul (SBS), Quadra 3, Bloco B, Edifício Sede do BC, às 12h30.

Curitiba/PR Av. Cândido de Abreu, 344 – Centro Cívico, às 11 horas.

Fortaleza/CE: Av. Heráclito Graça, 273 – Centro, às 9h30 horas.

Porto Alegre/RS: Rua 7 de Setembro, 586 – Centro, às 12 horas.

Rio de Janeiro/RJ: O ato terá início na Candelária seguindo em caminhada pela Avenida Presidente Vargas até o nº 730, sede do Banco Central, no Centro, às 17 horas.

Recife/PE: O ato será na Av. Conde da Boa Vista, 785 – Boa Vista, Recife – em frente ao Banco Santander (Ag.Veneza).

Salvador/BA: 1ª avenida, 160 – Centro Administrativo da Bahia (CAB), às 9 horas.

São Paulo/SP: Av. Paulista, 1804 – Bela Vista, a partir das 10 horas.

Com informações do SeebRio, Contraf e CUT.

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Por Blog do Esmael