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IPHAN lança no Piauí o Projeto Andanças pelo Patrimônio
Data da postagem: 04/06/2025
O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em parceria com a Superintendência do órgão no Piauí, Secretaria Estadual da Cultura e governo do estado, realizaram dias 2 e 3 de junho no auditório da Secult em Teresina, o lançamento do Projeto Andanças pelo Patrimônio – construção participativa do Plano Nacional Setorial do Patrimônio Cultural. O evento discutiu valorização da cultura, educação patrimonial, rede colaborativa, patrimônio indígena e remanescentes de quilombos, contando com a participação de representantes de vários municípios do Piauí (Inhuma, Batalha, Oeiras, Teresina e outras cidades piauienses), através de secretários de cultura, educação, assessores, artistas, produtores culturais, coletivos e comunidades tradicionais interessadas em Cultura, que discutiram questões ligadas ao patrimônio material e imaterial, com o objetivo de criar redes de ação integrada e fortalecer territórios para a execução de uma política institucional entre União, estados e municípios que garanta um Sistema Nacional de Patrimônio Cultural com vistas a preservação da identidade cultural e desenvolvimento econômico e sustentável das comunidades. Nos debates, foram mencionadas cidades como Inhuma e Oeiras, onde existem sítios arqueológicos já cadastrados pelo IPHAN, além de outras manifestações religiosas e culturais, no entanto, assim como em outros municípios estes patrimônios encontram-se subutilizados no aspecto econômico e dos saberes e, em geral, desconhecidos de suas próprias comunidades. Foram sugeridas a criação de redes colaborativas de educação patrimonial nas escolas, multiplicação de agentes patrimoniais e parcerias com instituições públicas como o IFPI (Instituto Federal do Piauí). Para a arquiteta e professora da UFPI, Aracelly Magalhães, membra do Conselho Estadual de Arquitetura, e que participou da atividade, é necessário fazer com que a comunidade e os alunos das escolas do ensino fundamental, médio e superior possam conhecer o patrimônio cultural de suas cidades. “Devemos entrar nesse eixo e promover visitas, roteiros, fóruns e seminários que possam estar sempre mostrando conhecimentos e fazer com que as pessoas possam estar vivenciando e renovando esses conhecimentos no local onde elas habitam”. Para a arquiteta, as parcerias podem ser com o IPHAN, mas sempre com a presença de um professor, arquiteto ou historiador. “Devemos fazer esses roteiros turísticos com esses diversos atores, elevando a educação patrimonial, não apenas com estudantes, mas com toda a comunidade, e fortalecendo esse público”. De acordo com Aracelly, as prefeituras podem elaborar um calendário com as potencialidades do município e fixar um cronograma de atividades para a consolidação do patrimônio cultural. “Uma agenda cultural, um calendário que possa ser elaborado anualmente considerando as características culturais do município e juntar isso com a educação e o turismo, onde a prefeitura vincula todas essas datas com a realização de eventos, concursos, semana cultural, convidando inclusive pessoas de outras cidades para conhecer o patrimônio local. Também podem ser feitos concursos literários ou de fotografias voltados para as escolas e premiar alunos que coloquem qual a sua visão da cidade com relação ao patrimônio”, concluiu a arquiteta. Para o cientista social e servidor da superintendência do IPHAN em Recife-PE, George Berssoni, que estava conduzindo o evento, existem experiências bem sucedidas de redes colaborativas de educação patrimonial. “O IPHAN tem desenvolvido um programa chamado "Casas do Patrimônio" onde por meio de atividades educativas nos estados, se estimula a população a ocupar os espaços e a promover debates temáticos, seminários, discussões sobre mudanças climáticas, sobre preservação do patrimônio material e imaterial, sítios históricos tombados, patrimônio e meio ambiente, cultura popular e, por meio desses espaços, potencializar uma rede de educadores patrimoniais, voltada para a preservação e memória”, afirmou. Ao ser indagado sobre a greve dos servidores do Ministério da Cultura iniciada em 29 de abril e das 7 entidades vinculadas ao Minc (ANCINE, IPHAN, IBRAM, FUNARTE, Fundação Palmares, Casa de Rui Barbosa e Biblioteca Nacional), que ocorre em 22 estados e no Distrito Federal pelo Plano de Carreira dos servidores, Berssoni disse que apoia o movimento. “Embora eu não esteja em greve por ocupar um cargo de gestão, trabalho há 18 anos no IPHAN e considero a greve legítima, uma instância para forçar o governo a negociar de fato a carreira para os servidores da Cultura. Estou otimista justamente porque essa é uma luta de 20 anos e que nunca andou. Pela primeira vez vejo uma mobilização tão grande com ampla participação de servidores, apoio de ministros, artistas, e agora com a base debatendo o cronograma apresentado para a estruturação da carreira no âmbito do Ministério da Cultura, o que não é apenas uma questão salarial de mesa de negociação, mas uma mobilização pela estruturação de uma carreira dos órgãos públicos de Cultura e da política federal de Cultura”, concluiu. Público presente ao lançamento
Vários municípios representados
Identidade, preservação e memória
Participação do público nas oitivas
George Berssoni, servidor do IPHAN em Recife-PE
Por Marco Aurélio Siqueira